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Genoino: 'Hugo Motta é um aventureiro e o governo se recusou a ficar calado'

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Genoino: 'Hugo Motta é um aventureiro e o governo se recusou a ficar calado'
Genoino: 'Hugo Motta é um aventureiro e o governo se recusou a ficar calado' (Foto: Reprodução)

 Em entrevista ao programa Giro das Onze, da TV 247, o ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, José Genoino, criticou duramente a atuação do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), relator da proposta que revogou o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o IOF, e avaliou que a movimentação do governo federal ao reagir institucionalmente e politicamente representa uma virada de postura. “Hugo Motta é um aventureiro e o governo se recusou a ficar calado”, afirmou.

Para Genoino, a ascensão de Hugo Motta como liderança política é artificial e atende a interesses específicos. “Esse Hugo Motta é um aventureiro, dois mandatos, não tem história. Tinha gente melhor no campo da direita”, afirmou, ressaltando que, mesmo entre parlamentares de orientação conservadora, havia nomes com maior credibilidade para eventuais articulações. Segundo ele, faltou exigir compromissos públicos de Hugo Motta antes de qualquer apoio. “O governo tinha que ter exigido compromisso público dele. O PT tinha que ter”, disse.

O ex-deputado também expôs o que considera uma articulação coordenada entre mídia, mercado financeiro e centrão, da qual Motta seria apenas uma peça. “O trio da maldade é mídia comercial, sistema financeiro e centrão”, afirmou. Ele descreveu a trajetória recente do deputado como uma escalada apoiada por setores econômicos e políticos conservadores. “Primeiro num congresso do mercado financeiro, depois por dirigentes do PP e do PL na Faria Lima e, em seguida, num jantar com João Doria. Aí levantaram a bola do menino e o menino achou que era muito importante.”

Segundo Genoino, a ofensiva contra o decreto do IOF é parte de um projeto mais amplo: “Vamos forçar cortar os gastos estruturantes que são saúde, educação e salário”, disse. Ele identificou por trás da investida um alinhamento com as propostas do Banco Mundial e do modelo neoliberal, que busca ajustar as contas públicas penalizando os mais pobres e protegendo os mais ricos. “Ele está a serviço disso”, afirmou sobre Motta.

Na avaliação de Genoino, o governo Lula acertou ao reagir de forma institucional — por meio da Advocacia-Geral da União, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal —, mas defendeu que a resposta não pode se restringir ao Judiciário. “O governo tem que fazer essa semana um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão. Segundo, fazer uma mobilização na rua”, defendeu. Para ele, a bandeira da justiça tributária deve ser conectada diretamente à melhoria de serviços públicos. “Tem que dizer: queremos cobrar imposto dos mais ricos para melhorar a saúde, educação, salário mínimo.”

Genoino também atribuiu a Motta a função de porta-voz de uma tentativa de antecipar a disputa presidencial de 2026. “Ele serviu a esse papel nefasto. Eles querem sugar o governo Lula para desgastá-lo e forçar que aplique a pauta deles”, disse, apontando que a oposição prepara a candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) como sucessor de Lula. “Querem interditar o governo Lula e substituí-lo em 2026 pelo governador de São Paulo.”

Ao criticar a estratégia do governo de alianças com setores da direita, Genoino defendeu uma mudança de rumo, com construção de uma nova maioria política, baseada na mobilização da base popular. “O governo está fazendo uma inflexão correta. Vai fazer um outro modelo de alianças mais pontuais, mais episódicas nesse quadro”, avaliou. Ele também fez um apelo à militância e às lideranças do PT e da esquerda. “O PT tem que fazer uma virada à esquerda. Tem que haver nesta semana uma grande ofensiva dos líderes do PT na Câmara e no Senado, defendendo a postura do governo Lula.”

Por fim, Genoino concluiu que é hora de abandonar a lógica da conciliação sem enfrentamento. “Esse negócio de paz e amor, como é que nós vamos pregar paz e amor com quem está esfaqueando a gente? Essa gente só entende o caminho da luta.”

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