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Apae Brasil 70 anos: uma história de inclusão

Ana Carolina Santana e Felipe Menezes

Apae Brasil 70 anos: uma história de inclusão
Apae Brasil 70 anos: uma história de inclusão (Foto: Reprodução)

Histórica é a palavra que resume perfeitamente a solenidade de abertura do XII Festival Nacional Nossa Arte, realizada nesta segunda-feira (9) no Expo Mag, na cidade do Rio de Janeiro. O ato reuniu mais de 2 mil participantes, entre lideranças, artistas e famílias do movimento apaeano e autoridades, e marcou o início de três dias de apresentações que celebram a inclusão social e a diversidade por meio da arte.

Realizado desde 1995, o Festival Nacional Nossa Arte é um dos maiores eventos promovidos pela Federação Nacional das Apaes (Fenapaes), a cada três anos, sendo uma mostra de caráter não competitivo, e tem o propósito de reconhecer e valorizar as habilidades e o potencial criativo e intelectual das pessoas com deficiência e, assim, por meio das linguagens artísticas, despertar para uma mudança de postura da sociedade brasileira e dar asas à plena inclusão.

Nesta edição, o evento ocorre na Cidade Maravilhosa, berço do movimento apaeano, em virtude dos 70 anos de fundação da Apae do Rio de Janeiro, a primeira Apae do Brasil, e conta com a parceria da Federação das Apaes do Estado do Rio de Janeiro (Feapaes-RJ), da Apae do Rio de Janeiro e de parceiros.

No total, artistas de 23 estados e do Distrito Federal farão apresentações de dança, música e teatro, e irão expor obras de artes literárias e visuais. Todos os trabalhos são desenvolvidos por pessoas com deficiência das Apaes, promovendo a socialização de experiências em caráter de inclusão social e contribuindo efetivamente para a conscientização de que a pessoa com deficiência avança em seu processo de autorrealização mediante a expressão artística.

Em seu pronunciamento, o presidente da Fenapaes, prof. Jarbas Feldner de Barros, destacou a importância do Festival Nacional Nossa Arte como forma de aproximação entre as pessoas com deficiência e a sociedade. “Este evento tem uma característica nova: ele é para nós e para toda a sociedade. Isto é, além dos palcos, faremos apresentações em praças públicas para que o público conheça os nossos artistas”, afirmou.

Jarbas reforçou ainda que a edição deste ano vai além das apresentações artísticas ao incluir as famílias no protagonismo do evento. De acordo com o presidente, as pessoas com deficiência e as famílias serão fortalecidas.

“O festival não é somente para o público apaeano, é para todos. Nós estamos mostrando que as pessoas com deficiência têm habilidades e capacidades, e que a arte é uma grande promotora de inclusão social”, declarou.

O vice-presidente Léo Loureiro reforçou o comprometimento da Rede Apae Brasil em ser um movimento de cidadania que promove o respeito, o amor e a inclusão. Para ele, o festival é uma oportunidade para reafirmar os valores que fazem parte do movimento apaeano ao longo de sete décadas de história.

“Nós somos um movimento de cidadania para o Brasil e o mundo, que valoriza as pessoas com deficiência e suas famílias. E este evento simboliza o quanto podemos transformar vidas por meio da arte”, enfatizou.

O coordenador de Arte e Cultura da Fenapaes, Sérgio Feldhaus, salientou o impacto do festival, tanto no cenário nacional quanto no internacional. “O Festival Nossa Arte é o maior evento do Brasil para as pessoas com deficiência, e talvez seja também o maior do mundo. Este festival traz mudanças, alegrias e emoções. Quem participa sai daqui transformado e emocionado”, disse.

Protagonismo e união

O autodefensor da Apae Brasil, Gustavo Silva, evidenciou o protagonismo vivido no palco. Para ele, o Festival Nacional Nossa Arte é uma oportunidade para a valorização de habilidades, sendo uma ferramenta capaz de transformar a realidade das pessoas com deficiência.

“Este evento é um marco para todos nós”, frisou. “É incrível ver como as apresentações mostram que as pessoas com deficiência têm talentos e valores. Vocês já são campeões por estarem aqui”, acrescentou.

A autodefensora suplente da Apae Brasil, Maria da Conceição, manifestou a sua gratidão por representar os artistas da Rede Apae, lembrando que o festival é uma oportunidade para todos, não somente aos vencedores, mas todos os que participaram das etapas. “Acredito que todos que estão aqui merecem estar no pódio. O importante é que estamos mostrando o nosso talento”, afirmou.

O presidente da Federação das Apaes do Estado do Rio de Janeiro (Feapaes-RJ), Luís Valério Neto, também reforçou a importância do evento. “A Apae é uma verdadeira família. Não se trata de um serviço de terapia, mas, sim, de um lugar onde as pessoas com deficiência encontram o seu pertencimento e podem expressar todo o seu talento”, ressaltou.

O simbolismo do festival é ainda maior por ocorrer no ano em que a Apae do Rio de Janeiro e o movimento apaeano comemoram sete décadas de história. “Este é um momento de celebração para todos nós. O Rio de Janeiro fica honrado em receber o festival, e estamos todos unidos para fazer deste evento o melhor de todos os tempos”, disse o presidente da Apae do Rio de Janeiro, Marcus Soares.

Celebração da arte e da inclusão

O evento contou com a presença de diversas autoridades, a exemplo da deputada federal Laura Carneiro; da secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), Anna Paula Feminella; do secretário nacional de Paradesporto, Fabio Araujo; e da diretora de Projetos da Fundação Nacional de Artes, Laís Almeida, representando a ministra da Cultura, Margareth Menezes. As autoridades reforçaram a relevância de iniciativas como o Festival Nossa Arte para a promoção da inclusão e a garantia de direitos das pessoas com deficiência.

“Este festival é a prova de que a arte se manifesta em qualquer um. É uma grande manifestação de inclusão e respeito aos direitos das pessoas com deficiência”, destacou Laura Carneiro.

Anna Paula Feminella evidenciou o papel da arte como forma de superação do preconceito e do capacitismo. “A maior arte da Apae é reunir com alegria e disposição, criando oportunidades para as pessoas com deficiência se recriarem e se expressarem de forma livre e espontânea”, declarou.

Laís Almeida sublinhou o papel do MinC na promoção da cultura acessível. “A nossa presença aqui é uma demonstração do compromisso do ministério com a diversidade e com a afirmação da identidade das pessoas com deficiência. O festival é uma expressão dessa rede de apoio”, afirmou a diretora, enfatizando o impacto do evento na promoção da inclusão cultural.

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