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Silas Malafaia extrapola ao vivo e erra ao colocar a política acima do altar

Jornalista - Gilvandro Oliveira Filho

Silas Malafaia extrapola ao vivo e erra ao colocar a política acima do altar
Silas Malafaia extrapola ao vivo e erra ao colocar a política acima do altar (Foto: Reprodução)

Durante uma transmissão ao vivo recente, o pastor Silas Malafaia protagonizou um momento de forte tensão ao acusar o senador Flávio Bolsonaro de manipular o próprio pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio repercutiu amplamente e levantou um debate necessário: até onde vai o papel de um líder religioso na política partidária?

A crítica aqui não se dirige à liberdade de opinião — direito garantido a todos os cidadãos —, mas ao uso do púlpito e da autoridade espiritual para ataques políticos, algo que fere princípios bíblicos fundamentais.

Quando o púlpito vira palanque, a Igreja perde

A Bíblia é clara ao ensinar que a missão do pastor é cuidar de vidas, não de projetos de poder. Jesus nunca se aliou a governos, partidos ou disputas familiares de líderes políticos. Pelo contrário, Ele deixou claro que o Reino de Deus não se confunde com os reinos deste mundo.

“O meu Reino não é deste mundo.”

(João 18:36)

Ao entrar em embates políticos públicos com tom exaltado, Silas Malafaia se afasta do exemplo de Cristo e se aproxima perigosamente daquilo que a própria Palavra condena: a troca da missão espiritual por interesses terrenos.

A Palavra adverte contra contendas e ira

A forma como o episódio ocorreu — com acusações, tom agressivo e exposição pública — também vai na contramão do ensino bíblico sobre comportamento cristão:

“Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.”

(Tiago 1:20)

E ainda:

“Evita as discussões loucas, genealogias, contendas e debates acerca da lei, porque são inúteis e vãos.”

(Tito 3:9)

O líder espiritual deve ser ponte, não combustível de conflito. Quando a Igreja passa a agir como partido político, ela perde autoridade moral e espiritual.

A política nunca pode estar acima da Igreja

A Igreja é maior que qualquer governo, maior que qualquer família política e maior que qualquer ideologia. Quando um pastor coloca a política como prioridade, ele abandona o rebanho para disputar espaços que não lhe cabem.

“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente.”

(1 Pedro 5:2)

Silas Malafaia construiu uma trajetória relevante no meio evangélico, mas neste episódio erra gravemente ao permitir que a política fale mais alto que o chamado pastoral.

Hora de voltar ao essencial

Este momento deveria servir como reflexão. O Brasil já vive polarização demais. O que o povo precisa é de pastores cuidando de almas, pregando arrependimento, justiça, amor ao próximo e reconciliação — não de líderes religiosos inflamando disputas políticas.

A política passa. Governos passam. Famílias políticas passam.

A Igreja permanece.

“Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

(Mateus 6:33)

Que Silas Malafaia — e todos os líderes religiosos — compreendam que o altar não é lugar de ataque político, e que nenhum projeto de poder é maior do que o chamado de cuidar das ovelhas.

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