AMÉRICA DO SUL NÃO É CAMPO DE GUERRA: QUEM PREGA A GUERRA NÃO FALA EM NOME DE DEUS
Jornalista - Gilvandro Oliveira Filho
A América do Sul é território de povos vivos, de famílias, de crianças, de trabalhadores e de nações soberanas. Qualquer discurso que trate este continente como ameaça militar, zona de intervenção ou alvo estratégico é, antes de tudo, um desrespeito à história, à dignidade humana e ao direito internacional.
O mundo já assistiu ao resultado de líderes que escolheram o caminho da guerra: milhões de mortos, países destruídos e gerações inteiras marcadas pelo trauma. O Vietnã é prova disso. O Iraque é prova disso. O Afeganistão é prova disso. Nenhuma dessas guerras trouxe paz, democracia ou prosperidade. Trouxeram apenas dor, ódio e instabilidade global.
Mais grave ainda é quando a guerra é defendida por quem se autoproclama cristão. O Cristo que a Bíblia apresenta não empunha armas, não ameaça povos e não transforma nações em inimigas. Jesus pregou o amor, o diálogo, a justiça e a reconciliação. Quem usa o nome de Deus para justificar conflitos, violência e medo não age como cristão — age como falso profeta, distorcendo a fé para atender interesses políticos e econômicos.
A guerra nunca atinge os poderosos que a decidem. Ela atinge mães, pais, crianças, idosos. A imagem de soldados armados diante de famílias indefesas não é símbolo de força — é o retrato do fracasso moral da humanidade. Quem defende esse cenário escolhe o caminho do caos, não da liderança.
O mundo vive um momento crítico. Ou escolhemos o diálogo entre as nações, o respeito mútuo e a diplomacia responsável, ou continuaremos repetindo erros que já custaram caro demais à humanidade. A América do Sul precisa de investimentos, cooperação, educação, justiça social e desenvolvimento — não de ameaças, sanções disfarçadas ou discursos de guerra.
A história é implacável com líderes que escolhem o confronto. Ela absolve quem constrói pontes e condena quem ergue muros de ódio. Paz não é fraqueza. Paz é coragem. Guerra é o último recurso de quem fracassou no diálogo.
Que fique claro:
quem procura a guerra encontra destruição.
quem escolhe a paz constrói futuro.
A humanidade já sangrou demais. É hora de parar.
GUERRAS, NÚMEROS E SILÊNCIOS: QUANTAS VIDAS CUSTOU O CAMINHO DA GUERRA?
Antes de se falar em novas guerras, ameaças ou intervenções, é preciso olhar para trás e encarar os fatos. A história das guerras não é feita apenas de discursos patrióticos ou medalhas. Ela é feita, sobretudo, de corpos, luto, famílias destruídas e gerações traumatizadas.
Os Estados Unidos participaram direta ou indiretamente de dezenas de conflitos armados ao longo do século XX e início do século XXI. Em quase todos eles, o discurso foi o mesmo: defesa da liberdade, combate ao mal, proteção da democracia. Os resultados, porém, contam outra história.

Principais guerras e o custo humano
Segunda Guerra Mundial (1941–1945)
– Mortos americanos: cerca de 405 mil soldados
– Mortes totais no mundo: mais de 70 milhões de pessoas
Famílias inteiras desapareceram. Cidades foram apagadas do mapa. Hiroshima e Nagasaki são feridas abertas até hoje.
Guerra da Coreia (1950–1953)
– Mortos americanos: cerca de 36 mil
– Mortes totais estimadas: 2,5 a 3 milhões de pessoas
Um país dividido, famílias separadas até hoje e um conflito que nunca terminou oficialmente.
Guerra do Vietnã (1955–1975)
– Mortos americanos: cerca de 58 mil soldados
– Mortes totais: entre 2 e 3 milhões de vietnamitas, a maioria civis
Foi uma guerra perdida militarmente e moralmente. Veteranos voltaram traumatizados. Famílias destruídas dos dois lados. Um trauma que marcou gerações.
Guerra do Golfo (1991)
– Mortos americanos: cerca de 300
– Mortes no Iraque: dezenas de milhares
O conflito abriu caminho para instabilidade duradoura no Oriente Médio.
Afeganistão (2001–2021)
– Mortos americanos: cerca de 2.400 soldados
– Mortes totais estimadas: mais de 240 mil pessoas, incluindo civis
Após 20 anos de guerra, bilhões gastos e milhares de mortos, o país voltou praticamente ao ponto inicial.
Iraque (2003–2011)
– Mortos americanos: cerca de 4.500 soldados
– Mortes totais estimadas: entre 500 mil e 1 milhão de iraquianos
Uma guerra baseada em informações falsas sobre armas de destruição em massa. O resultado foi caos, terrorismo e sofrimento civil em massa.
E as famílias?
Cada número desses representa pais que não voltaram, mães que enterraram filhos, crianças que cresceram sem família, veteranos com traumas psicológicos profundos, muitos deles abandonados pelo próprio sistema que os enviou à guerra.
O herói morto não cria filhos.
A medalha não consola uma mãe.
O discurso patriótico não paga o preço do luto.
A guerra não é vivida nos gabinetes, nem nos palanques, nem nos discursos inflamados. Ela é vivida nas casas vazias, nos hospitais psiquiátricos, nos cemitérios e no silêncio das famílias que aprenderam a sobreviver sem quem amavam.
O que adianta um herói morto?
Essa é a pergunta que raramente é feita.
O que adianta um herói morto se o país continua dividido?
O que adianta um herói morto se a democracia não chegou?
O que adianta um herói morto se o ódio apenas mudou de endereço?
A verdadeira coragem de um líder não está em declarar guerra, mas em evitá-la. Não está em enviar soldados, mas em salvar vidas. Não está em usar Deus em discursos, mas em honrar o valor sagrado da vida humana.
A América do Sul não precisa repetir essa história. O mundo não precisa repetir esse erro. Já sabemos o resultado. Já vimos o custo. Já choramos demais.
Guerra não constrói futuro.
Guerra fabrica órfãos.
Paz exige coragem. Guerra é fracasso.
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Gilvandro Oliveira Filho
Jornalista
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