O naufrágio de Lira: PF aperta o cerco e quem vai junto no esquema das emendas?
RedeSat
A ligação entre Arthur Lira e Eduardo Cunha é fundamental para entender a dinâmica de poder na Câmara, embora Cunha não seja um alvo direto da operação da Polícia Federal deflagrada hoje (12/12/2025).
A relação é de mestre e discípulo na política do Centrão, e não de envolvimento direto no esquema específico das emendas de Mariângela Fialek.
A Conexão Política e Histórica
Analistas políticos e reportagens apontam que Arthur Lira é um "fiel escudeiro" e foi um dos principais aliados de Eduardo Cunha durante a presidência deste na Câmara dos Deputados.
Os pontos-chave da relação são:
Ascensão Política: Cunha foi quem alçou Lira a posições de destaque. Em 2015 e 2016, Cunha nomeou Lira para a presidência de comissões importantíssimas, como a de Constituição e Justiça (CCJ) e a do Orçamento.
Fidelidade e Voto: Lira demonstrou lealdade a Cunha até o fim, votando contra a cassação do mandato do ex-presidente da Câmara em 2016.
O Mesmo "DNA Fisiológico": A principal conexão apontada pela imprensa é ideológica e de modus operandi. Ambos são vistos como pertencentes à mesma "escola política" do fisiologismo, que utiliza o controle do Orçamento da União como principal ferramenta de poder e chantagem política.
Aconselhamento Recente: Reportagens recentes (novembro de 2025) indicaram que Cunha, que está livre da prisão após anulações de condenações da Lava Jato, tem atuado nos bastidores como conselheiro de Lira, e os dois chegaram a jantar juntos recentemente.
O Legado no Esquema de Emendas
Embora o esquema investigado hoje (das emendas RP 8) tenha florescido sob a presidência de Lira, a lógica de uso do orçamento como balcão de negócios teve suas bases aprofundadas durante a gestão de Cunha. A diferença, para alguns analistas, é que Lira institucionalizou o processo de forma ainda mais potente através do extinto "orçamento secreto", enquanto Cunha usava métodos mais diretos.
Cunha foi cassado e preso por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionados à Operação Lava Jato, por mentir sobre contas no exterior. Lira busca evitar um destino semelhante, mas a operação atual da PF aproxima a sua situação da de seu antigo mentor.
O jantar recente entre Lira e Cunha é um ponto crucial na narrativa de bastidores que culminou na operação da PF de hoje (12). O episódio gerou grande polêmica e críticas de adversários políticos, como Renan Calheiros.
O Jantar da Discrição (e da Polêmica)
Menos de um mês antes de a PF bater à porta da ex-assessora de Lira, um jantar em Brasília colocava os dois ex-presidentes da Câmara lado a lado, em um encontro que repercutiu como um sinal de articulação política para o futuro.
Na noite de 12 de novembro de 2025, uma quarta-feira, Arthur Lira e Eduardo Cunha se reuniram em um dos restaurantes portugueses mais discretos e frequentados por políticos na capital federal, o Manuelzinho. O terceiro convidado ilustre era o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP), relator do polêmico Projeto de Lei (PL) Antifacção.
O cardápio, regado a vinho português da Casa Ferreirinha e bacalhau, serviu de pano de fundo para discussões sobre o projeto de lei de Derrite, que na época enfrentava impasses na votação e era visto por críticos como uma tentativa de "blindagem" para políticos.
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