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A POLÍTICA DE LUTO

Jornalista - Gilvandro Oliveira Filho

A POLÍTICA DE LUTO
A POLÍTICA DE LUTO (Foto: Reprodução)

A discussão em torno da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro — independentemente de sua culpa ou inocência, que cabe somente à Justiça determinar — revela algo maior e mais profundo: a sensação de que a boa política, aquela baseada na convivência e no respeito entre adversários, parece ter ficado no passado. Não estou afirmando que Bolsonaro tem culpa ou não; o que afirmo é que, enquanto o país se divide entre celebrações e revoltas, a política de boa vizinhança morreu junto com aquela capacidade de diálogo que marcava nossos tempos mais equilibrados.

Houve uma época em que a política brasileira sabia disputar sem desumanizar. As brigas ficavam nas urnas; depois delas, até adversários dividiam cafés, conversas e projetos. Famílias de posições opostas conviviam sem se ofender, comícios eram encontros animados com bandas e calor humano, e o debate, mesmo acalorado, não destruía relações. Era uma política viva, imperfeita, mas profundamente humana.

Hoje, o que vemos é o luto dessa convivência perdida. A política se tornou uma arena de hostilidade constante. O que antes era festa virou ofensa; o que antes era diálogo virou agressão. Vivemos em um país onde discordar parece sinônimo de romper — e onde qualquer fato nacional vira munição para mais ódio, mais divisão, mais ruído.

Lamento, como tantos, o fim daquela política de boa vizinhança, que permitia que adversários se respeitassem, famílias se unissem e lideranças divergentes construíssem juntas. Uma política que fazia o Brasil respirar melhor.

Mas, como sou brasileiro e nunca desisto, sigo acreditando que ainda veremos surgir um líder capaz de unir o país. Um líder que compreenda que governar é reconciliar, não dividir; ouvir, não gritar; aproximar, não afastar.

E digo mais:

eu aproveito para ser o primeiro a querer fazer essa união do país.

Como cidadão, como jornalista, como brasileiro, assume-se o compromisso de ajudar a reconstruir pontes, recuperar o diálogo e defender a convivência — porque a união nacional não começa no governo, começa nas pessoas.

A boa política está de luto.

Mas enquanto houver quem lute pela união, ela jamais estará enterrada.

Atenciosamente,

Gilvandro – Jornalista

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