Haddad diz que reservar 50% das vagas universitárias para escola pública equivale a reforma agrária
Rede News - Jornalista Gilvandro Oliveira Filho

SÃO BERNARDO DO CAMPO E BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a reserva de 50% das vagas nas universidades públicas corresponde a uma “reforma agrária”. As declarações ocorreram neste sábado, 18, durante um encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os alunos da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), no Ginásio Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo (SP).
Na ocasião, Haddad lembrou o programa de expansão das universidades públicas durante os primeiros governos de Lula e enalteceu a política das cotas sociais e raciais. “Se a gente só dobrasse o número de vagas, ainda ia ficar muita gente para fora. E aí nós fizemos algumas coisas que estão sendo celebradas aqui entre 2007 e 2010”, afirmou.
Haddad continuou: “A primeira coisa foi reservar 50% das vagas para alunos de escola pública. Isso foi um passo, isso equivale a fazer uma reforma agrária inteira no ensino superior brasileiro. É você dividir com justiça. O aluno da escola particular não podia reclamar que ele ia ficar com menos, porque a gente já tinha dobrado o número de vagas”.
Ao contar as políticas sociais daquela década, quando foi ministro da Educação, ele disse que “o povo que não conhece a história corre o risco de tomar o atalho errado”. O petista reconheceu que o Brasil tem muito o que avançar, mas defendeu a valorização do que chamou de “conquistas” e mencionou, como exemplos, o Programa Universidade para Todos (Prouni) e as políticas voltadas para universidades públicas.
‘Antigamente a gente só via as pessoas negras trabalhando como funcionários da escola’
No mesmo evento, Fernando Haddad afirmou que a universidade “mudou de cor”, ao enaltecer a entrada de estudantes negros e de escolas públicas em universidades pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) e em instituições públicas de ensino. “Antigamente, a gente só via as pessoas negras trabalhando como funcionário da escola. Raramente como professor, raramente como estudante”, afirmou.
“Nós queríamos ver o povo negro representado como professor e estudante também”, disse Haddad. “Hoje, você entra numa universidade pública, e você que ela mudou de cor, ela é mais brasileira.”
Na ocasião, ele também sustentou que a qualidade das instituições públicas de ensino melhorou com a expansão da entrada dos estudantes. “A pessoa que fazia escola particular, em geral, conseguia uma vaga na universidade pública, porque tinha pouca vaga”, disse. “E o estudante que fazia escola pública, quando muito, entrava numa escola particular”, prosseguiu, ao se referir às universidades privadas.
Em seguida, destacou a dificuldade desses alunos de se manter nos estudos. “No primeiro ano, em 2004, permitimos que 100 mil jovens passassem numa universidade particular sem ter que pagar mensalidade.” Haddad disse ainda que “são quatro milhões de brasileiros que já foram diplomados pelo Prouni no Brasil desde 2004”.
Também estavam presentes os ministros Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
A CPOP foi criada pelo Ministério da Educação para fornecer apoio financeiro a cursos pré-vestibulares populares e comunitários, com foco no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O evento foi realizado para o anúncio de um investimento de R$ 108 milhões do governo em um edital de apoio a até 500 cursinhos em 2026.
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