Em Roma, Janja defende Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Rede News - Jornalista Gilvandro Oliveira Filho

A primeira-dama do Brasil, Rosângela Silva, conhecida como Janja, participou nesta quinta-feira (16) das comemorações do Dia Mundial da Alimentação na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma. Durante o evento, ela representou o país na coordenação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, destacando que a iniciativa vai além do combate à fome e mira também a redução das desigualdades sociais.
Em entrevista à RFI, Janja ressaltou que o maior desafio para os países do sul global é o acesso a recursos que permitam políticas públicas estruturantes. "A maior dificuldade que os países do sul global têm é em se conectar a financiamentos para desenvolver de modo estruturante as suas políticas públicas de combate à fome e à pobreza. A Aliança Global não é só uma aliança de combate à fome, mas de redução de desigualdades. Esse é o principal objetivo da Aliança", afirmou.
Papel do Brasil na liderança do projeto
A primeira-dama explicou que o Brasil já apresentou propostas concretas e que a equipe da Aliança busca, neste momento, financiamento para a implementação. "Agora a equipe da Aliança está trabalhando na busca de financiamento para a implantação dessas propostas", disse.
A Aliança Global foi criada em 2024, durante a presidência brasileira do G20, com a missão de acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Em menos de um ano, já reúne 201 membros, entre eles 81 países, instituições financeiras e entidades filantrópicas.
Estrutura e diferenciação em relação à FAO
Na entrevista, Janja destacou que o trabalho da Aliança Global é independente da FAO. "Não é um objetivo da Aliança Global que todos os países membros da FAO façam parte. A gente tem o foco que está apresentando resultados. Já no início temos quase 80 países e muitas instituições. A Aliança tem o pilar do conhecimento, que é conectar o que está sendo desenvolvido nas universidades e academias para transformar em política pública", explicou.
Metas ambiciosas até 2030
As metas da Aliança são ousadas: alcançar 500 milhões de pessoas com transferências de renda e oferecer alimentação escolar de qualidade para mais 150 milhões de crianças. O projeto aposta na mobilização conjunta de governos, setor privado, sociedade civil e organismos internacionais, promovendo uma "Cesta de Políticas" com instrumentos eficazes, como renda básica e programas de merenda escolar.
Alerta do Papa Francisco
Durante o evento na FAO, o papa Francisco fez um discurso contundente contra o uso da fome como arma em conflitos armados. "Os cenários dos conflitos atuais estão fazendo retornar o uso da alimentação como arma de guerra, afastando cada vez mais aquele consenso expresso pelos Estados que considera a fome deliberada como crime de guerra", declarou.
O pontífice cobrou mais solidariedade e ações concretas para garantir a segurança alimentar mundial. "Com tristeza, somos testemunhas do uso contínuo dessa cruel estratégia que condena homens, mulheres e crianças à fome, e não podemos continuar assim", afirmou.
Chamado para transformação social
Francisco também destacou a necessidade de uma transformação social profunda. "Não podemos aspirar a uma vida social mais justa se não estivermos dispostos a nos libertar da apatia que justifica a fome como se fosse uma música de fundo à qual nos acostumamos. Por nossa omissão, tornamo-nos cúmplices na promoção da injustiça. Não podemos esperar um mundo melhor se não estivermos dispostos a compartilhar", advertiu.
O discurso ocorreu poucos dias antes da publicação de sua primeira exortação apostólica, a Dilexi te, que reforça o chamado global por mais compromisso no enfrentamento das desigualdades.
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