Aliados de Zambelli veem extradição como inevitável
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A decisão mais recente da Justiça italiana de manter presa a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) praticamente encerrou as esperanças de que a parlamentar consiga deixar a prisão antes da conclusão do processo de extradição. A medida, tomada pela Corte de Cassação da Itália, que é a última instância do país, reforçou a percepção de que a defesa de Zambelli enfrenta um cenário irreversível.
De acordo com Malu Gaspar, do jornal O Globo, a decisão representa mais um duro revés para a parlamentar, que está detida há mais de dois meses no complexo penitenciário de Rebibbia, nos arredores de Roma. A Corte rejeitou o pedido da defesa para converter a prisão em regime domiciliar, argumentando haver fortes indícios de risco de nova fuga. Na prática, a decisão impede qualquer tentativa de soltura até a conclusão do processo de extradição.
Nos bastidores, aliados de Zambelli já tratam a extradição como “inevitável”. “Pelo menos no Judiciário ela não convence”, afirmou uma fonte do governo brasileiro que acompanha o caso. “Eles não parecem estar interessados em defender uma criminosa que disse ser intocável na Itália". A avaliação é compartilhada por setores do governo Lula, que enxergam pouca margem de manobra jurídica diante das sucessivas derrotas nos tribunais italianos.
O processo de extradição, contudo, ainda segue em tramitação. A Procuradoria-Geral da Itália deve emitir parecer antes de o caso voltar à Corte de Apelação de Roma, que decidirá o mérito da solicitação brasileira. Se a decisão for desfavorável a Zambelli, a defesa ainda poderá recorrer novamente à Corte de Cassação, mas o julgamento final pode demorar vários meses.
Governo impõe sigilo sobre documentos
O governo brasileiro acompanha o caso com atenção. A administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou sigilo de cinco anos sobre os documentos e comunicações trocadas entre a Advocacia-Geral da União (AGU) e as autoridades italianas. O órgão justificou que as informações “dizem respeito à estratégia jurídica de defesa dos interesses do Estado brasileiro”, o que estaria protegido pelo sigilo profissional da advocacia.
A decisão foi criticada por especialistas em transparência pública, que consideram o caso de interesse coletivo e defendem que a AGU preste contas sobre sua atuação no processo.
Mandato em risco na Câmara
Enquanto aguarda o desfecho judicial, Zambelli também enfrenta um processo de cassação de mandato na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Segundo aliados do PL, a perda do mandato é tida como “certa”. “Zambelli é odiada por muita gente na Câmara”, disse um interlocutor próximo, destacando que até o próprio partido tende a abandoná-la.
A deputada é apontada por integrantes do entorno de Jair Bolsonaro como uma das responsáveis pela derrota do ex-presidente nas eleições de 2022. Na véspera do segundo turno, ela protagonizou um episódio em que perseguiu um apoiador de Lula com uma arma nas ruas dos Jardins, em São Paulo — cidade onde o presidente teve expressiva vantagem de votos.
Zambelli está fora do Brasil desde sua fuga, ocorrida após ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Sua licença parlamentar, de 127 dias, expirou em 2 de outubro, intensificando a pressão política e jurídica sobre seu futuro.
Enquanto a Justiça italiana mantém a parlamentar atrás das grades e o processo de extradição avança, aliados já reconhecem que o desfecho pode ser apenas uma questão de tempo.
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