Deputados ameaçam retaliação no Senado em meio à tensão com Alcolumbre CPMI do INSS entra no radar de deputados como forma de pressão contra presidente da CCJ do Senado
Rede News - Jornalista, Gilvandro Oliveira Filho

Em meio ao crescente mal-estar entre a Câmara dos Deputados e o Senado, integrantes da base do Centrão avaliam novas estratégias de retaliação contra o senador Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A movimentação ocorre após sucessivos atritos envolvendo pautas travadas no Senado e disputas por espaço político.
Segundo apurou a reportagem, um dos caminhos considerados por deputados seria intensificar as investigações na CPMI do INSS, sugerindo medidas mais duras, como a quebra de sigilo de assessores e gabinetes ligados ao Senado — em especial, aqueles associados ao apelidado “Careca do INSS”, personagem central nas investigações sobre fraudes no instituto.
Alcolumbre tem resistido até agora a permitir que a investigação avance em direção ao Senado, postura que irritou deputados da base governista e da oposição. Há receio entre senadores de que a CPMI acabe atingindo membros da Casa, já que alguns nomes têm sido mencionados em depoimentos.
"Se quiserem mesmo ir por esse caminho, tem gente do Senado que vai aparecer nas investigações", afirmou um parlamentar próximo à cúpula da comissão. Para ele, a blindagem feita por Alcolumbre pode acabar minando a credibilidade da CPMI.
Apesar da pressão, um líder do Centrão na Câmara ponderou que o confronto direto com o senador do Amapá seria arriscado. “É muito difícil bater de frente com o Davi [Alcolumbre] nesse momento. Ele tem controle da CCJ e apoio relevante no Senado”, afirmou.
A tensão entre as Casas também reflete a disputa por emendas, espaço político e o comando de comissões estratégicas. Parlamentares da Câmara têm se queixado do ritmo mais lento do Senado para pautar projetos de interesse comum e criticam a condução de Alcolumbre em votações consideradas sensíveis.
A CPMI do INSS, criada com o objetivo de apurar esquemas de corrupção e fraudes bilionárias na Previdência, tem gerado desconforto entre parlamentares citados nos depoimentos. A sugestão de usar a comissão como instrumento de pressão é vista por alguns como um risco de desvirtuamento da investigação.
Procurado, o senador Davi Alcolumbre não se manifestou sobre o assunto até a publicação desta reportagem.
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