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Moraes opta por cena final da prisão de Bolsonaro em grande estilo

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Moraes opta por cena final da prisão de Bolsonaro em grande estilo
Moraes opta por cena final da prisão de Bolsonaro em grande estilo (Foto: Reprodução)

Não havia a menor dúvida de que o ministro do STF Alexandre de Moraes não decretaria a prisão de Jair Bolsonaro, por seu show na sexta-feira, dia 18, na entrada do Senado, quando exibiu despudoradamente a tornozeleira recém-instalada. Moraes é gato escaldado.

Basta lembrar que o ministro demonstrou sagacidade quando não alterou o horário da eleição em 30 de outubro de 2022. Ali, expos todo o seu tino estratégico. Percebeu o golpe em curso e sabia que a mudança favoreceria a “manobra radical” da Polícia Rodoviária Federal, tentando impedir que os eleitores das regiões em que Lula seria votado, chegassem às urnas.

Da mesma forma, percebeu a atitude provocativa de Jair Bolsonaro, na cena montada com o intuito claro e evidente de mobilizar os senadores da ultradireita, que fariam o barulho conveniente para atrair a atenção da base fiel que segue – independentemente de qualquer cataclisma -, o ex-pesidente Jair Bolsonaro avaliou que não tem mais nada a perder. O manancial de provas e fatores que o incriminam, expostos da denúncia do PGR,

Paulo Gonet, e o transformaram em réu no processo de 8 de janeiro, ao fim somam pena que ultrapassa 40 anos de prisão. Foi para o tudo ou nada.

Seguiu a cartilha exarada da Casa Branca: mobilizar os senadores, que atrairiam o protesto dos fanáticos, que por sua vez voltariam às portas dos quartéis, enquanto os caminhoneiros entrariam em cena para novamente obstruir rodovias, parando o Brasil. O objetivo? Implementar o plano já explicitado por Eduardo Bolsonaro – porta-voz extraoficial das loucuras de Donald Trump -, de que impedirá as eleições de 2026, pleito em que o presidente Lula se mostra o candidato favorito. Pelos ditames da CIA, a ultradireita tem que recobrar o poder no Brasil. Pela lógica de Steve Bannon, (que voltou a assoprar nos ouvidos de Trump), esse é o método: melar as eleições, antes que Lula se torne eleito.

Logo que vi a cena, indecente, da canelinha arroxeada decorada com a tornozeleira, postei no X que não havia “o que comemorar”. A prisão não viria. Dito e feito. Moraes também percebeu qual era a jogada, posta imediatamente em movimento. Mesa de cristal quebrada, sangue na cara do deputado, Câmara invadida em pleno o recesso, e recado da parcela dos militares sempre disposta a dar uma foça na pressão ao governo, para lembrar que a tutela continua. “Sempre alertas!”, devem ter dito aos seus coturnos. Para os que duvidam, basta acompanhar a postagem desses senhores, principalmente os das patentes dos oficiais de poucas estrelas e ver que ainda há nas fileiras um caldeirão em ebulição “contra tudo que está aí”.

Moraes ficou impassível. Com toda a calma, moveu algumas pedras para o lado, evitou o xeque-mate, deu corda, segurou na unha a ansiedade dos Bolsonaro e deixou que Jair passasse o final de semana em claro, à espera do toc-toc-toc da Federal. (Que não viria, com certeza). Bolsonaro percebeu, como antecipei no X, que sem perspectiva de futuro, sabendo-se preso daqui a pouco, melhor executar o que lhe foi passado por Eduardo. Na cartilha a lição é “convulsionar” o país, chacoalhar os seguidores, provocar o caos, esticando a corda ao máximo, até que 2026 vire uma “miragem”. Só que esse jogo rasteiro está tão escancarado, que a sociedade já não cai assim tão fácil, e muito menos o escaldado Alexandre de Moraes.

Deixou que Bolsonaro chore, se vitimize, arrebanhe aqueles de sempre em atos no dia 3 de agosto, para saborear o prato suculento do desfecho. Não desse processo, que de alguma forma há de punir o traidor da pátria, Eduardo Bolsonaro, mas daquele que fulgura como o líder de todos os golpistas. (A quem interessava o golpe bem-sucedido?) Quem já esperou até aqui, para ver a cena da prisão, pode aguentar mais um pouco, para assistir a porta se fechar atrás de Jair, desta vez, por 40 anos, e não numa “prisão preventiva”, apenas para mobilizar a turma que reza para pneus.

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