PT mantém liderança na preferência partidária, e PL bate recorde histórico, aponta Datafolha
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O PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue como o partido preferido dos brasileiros e mantém a liderança na preferência partidária nacional, enquanto o PL — legenda impulsionada pela força política de Jair Bolsonaro — aparece em segundo lugar com a melhor marca de sua série histórica. É o que indica uma nova pesquisa Datafolha, divulgada pela Folha de S.Paulo, com dados coletados no início de dezembro.
Segundo o levantamento, o PT é citado espontaneamente por 24% dos entrevistados quando perguntados sobre qual partido preferem, enquanto o PL aparece com 12%. O resultado confirma a estabilidade do PT durante o terceiro governo Lula e revela um avanço consistente do PL desde que Bolsonaro se filiou à sigla, em 2021.
PT segue na dianteira desde o fim dos anos 1990
A pesquisa reforça um padrão observado desde o final da década de 1990: o PT permanece como a legenda mais lembrada pelos brasileiros quando o tema é preferência partidária. De acordo com os dados, o partido oscila entre 23% e 27% no atual ciclo de governo, mantendo-se no topo sem grandes variações.
Considerando o período recente, desde dezembro de 2021 — quando o PL passou a aparecer de forma consistente nesse tipo de pergunta — o ponto máximo do PT ocorreu em setembro de 2022, quando o partido foi lembrado por 31% dos entrevistados. Naquele momento, Jair Bolsonaro governava o país e travava disputa direta com Lula, que viria a vencer as eleições presidenciais.
PL alcança maior índice desde o início da série em 1989
Já o PL registrou um índice recorde na série histórica do Datafolha, iniciada em 1989, ano da primeira eleição presidencial direta após a ditadura militar. A ascensão do partido se intensificou após Bolsonaro ter se filiado à legenda em 30 de novembro de 2021, quando o PL passou a crescer de forma gradual, alcançando dois dígitos em outubro de 2022, período do segundo turno entre Lula e Bolsonaro.
Atualmente, segundo o texto divulgado pela Folha de S.Paulo, Bolsonaro está inelegível e preso, embora já tenha declarado desejar voltar a disputar a Presidência — pessoalmente ou por meio de um de seus filhos, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
“Sem partido” continua sendo a resposta majoritária no Brasil
Apesar da liderança do PT e do crescimento do PL, a pesquisa destaca um dado estrutural e persistente: a maioria dos brasileiros afirma não ter preferência por nenhum partido. Historicamente, desde o início da série, essa opção nunca caiu abaixo de 40%, sendo o maior percentual entre todas as respostas.
Esse comportamento sugere que, mesmo em períodos de alta polarização política, uma parcela significativa do eleitorado se mantém distante da identificação formal com siglas partidárias.
MDB e PSDB perdem força após décadas de protagonismo
A pesquisa também evidencia o declínio de partidos tradicionais que marcaram os anos 1990 e 2000. Em um período anterior, o PT chegou a perder a liderança apenas para o PMDB, hoje MDB, que atingiu 19% das menções em 1992 e 1993. Atualmente, o MDB registra apenas 2%.
O PSDB, por sua vez, foi um dos principais adversários do PT por décadas, mas aparece hoje em situação enfraquecida. O partido começou a série em 1989 com 1%, teve pico de 9% em junho de 2015 e atravessou seu auge justamente durante os protestos contra o governo Dilma Rousseff, que culminaram no golpe de Estado contra Dilma.
Esse período — entre fevereiro de 2015 e dezembro de 2016 — também foi apontado como um dos piores para o PT em sua trajetória recente, quando chegou a marcar 9% em determinados momentos, patamar incomum para o partido desde que se consolidou como principal força da esquerda institucional.
Preferência partidária varia por renda, escolaridade e região
O Datafolha também detalhou a divisão das preferências por segmentos sociais e políticos. O PT aparece com índices mais altos entre:
Pessoas com ensino fundamental (31%)
Moradores do Nordeste (31%)
Católicos (30%)
Quem avalia o STF como ótimo ou bom (48%)
Eleitores que votaram em Lula em 2022 (50%)
Já o PL se destaca entre:
Quem tem renda familiar de 5 a 10 salários mínimos (19%)
Pessoas com ensino médio e superior (14% em cada grupo)
Quem avalia o STF como ruim ou péssimo (30%)
Eleitores que votaram em Bolsonaro em 2022 (29%)
O levantamento também observa que, embora o partido cresça impulsionado por Bolsonaro, há sinais de rejeição ao ex-presidente e a familiares, segundo análises já publicadas pelo próprio Datafolha.
Como foi feita a pesquisa
A pesquisa foi realizada com 2.002 pessoas com 16 anos ou mais, entre os dias 2 e 4 de dezembro, em 113 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. A pergunta sobre preferência partidária aceitou resposta espontânea e única, ou seja, sem apresentação de lista de siglas.
Os resultados reforçam a centralidade do PT no sistema político brasileiro e indicam que o PL consolidou um espaço relevante na disputa por identidade partidária, em especial dentro do campo da direita bolsonarista, ainda que o “sem partido” continue sendo a maior força do país.
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