CARTA ABERTA À REDE GLOBO – SOBRE A COBERTURA TENDENCIOSA DA COP30 EM BELÉM
Rede Sat
À Rede Globo de Televisão,
Como representante institucional a Serviço do meu Pais e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa (API), venho por meio desta carta aberta manifestar preocupação quanto ao teor das matérias veiculadas pela emissora sobre a COP30, atualmente sediada em Belém.
A realização da COP30 no coração da Amazônia representa um momento histórico para o Brasil. Trata-se de um evento global que coloca o país em posição de protagonismo na agenda climática, científica, social e ambiental. Entretanto, a cobertura apresentada pela Globo tem se mostrado desproporcionalmente negativa, reforçando estereótipos e apresentando a capital paraense por um prisma que privilegia problemas, enquanto minimiza avanços, esforços, investimentos e a mobilização local para receber o mundo.
Reconhecer desafios é necessário. Exagerá-los ou descontextualizá-los, não. O jornalismo responsável deve informar de forma equilibrada, plural e fiel à realidade. Quando isso não ocorre, forma-se uma percepção injusta da cidade e de sua população — justamente em um momento em que Belém e a Amazônia deveriam ser apresentadas ao mundo em toda sua complexidade, riqueza e importância estratégica.
Sobre a Liberdade de Imprensa
A liberdade de imprensa constitui pilar essencial do Estado Democrático de Direito, devendo ser amplamente preservada. Todavia, tal garantia constitucional (art. 5º, IV, IX e art. 220 da Constituição Federal) deve coexistir com os princípios da responsabilidade social, da veracidade e da observância do interesse público, elementos que norteiam a atuação de todos os veículos de comunicação detentores de concessão pública.
É fundamental afirmar que liberdade de imprensa não significa liberdade para produzir conteúdo tendencioso, distorcido ou contrário aos princípios essenciais da ética jornalística. A Constituição garante a independência editorial, mas também estabelece que esse direito deve caminhar ao lado da responsabilidade, da veracidade, da pluralidade de fontes e do compromisso com o interesse público.
Veículos de comunicação que operam sob concessão pública — como é o caso da Rede Globo — têm deveres adicionais de transparência e equilíbrio. Quando há indícios de que tais princípios não estão sendo plenamente observados, entidades de classe, instituições e a sociedade têm o direito de questionar e solicitar que órgãos competentes realizem avaliações dentro dos limites da lei. Isso não é retaliação, mas parte do funcionamento regular de um Estado democrático, onde liberdade e responsabilidade coexistem.
O Impacto da Cobertura Tendenciosa
A insistência em retratar Belém apenas pelos seus problemas estruturais — muitos deles históricos e compartilhados por diversas capitais brasileiras — ignora:
Os investimentos emergenciais e estruturais já realizados;
As iniciativas locais de sustentabilidade e inovação;
A mobilização de milhares de profissionais públicos e privados;
O impacto positivo internacional de sediar a conferência na própria Amazônia;
O esforço de uma população que, com dignidade, acolhe delegações de todos os continentes.
Uma emissora com o alcance e a influência da Globo tem o poder de fortalecer o entendimento nacional sobre a importância estratégica da Amazônia. Mas, ao enfatizar apenas o negativo, contribui para reforçar preconceitos históricos, distorcer a percepção pública e subestimar a relevância deste momento único para o país.
Considerações Finais
Esta carta não é um ataque à liberdade de imprensa — ao contrário: é um apelo em defesa de seu bom uso. A imprensa existe para informar, contextualizar e promover debates qualificados. Quando a narrativa se afasta desse propósito, cabe à sociedade civil organizada, às entidades representativas e aos profissionais de imprensa fazerem o devido chamado ao equilíbrio e à responsabilidade editorial.
Esperamos que a Rede Globo reveja sua abordagem e ofereça ao público uma cobertura que reflita a realidade completa da COP30: seus desafios, sim, mas também seus avanços, esforços e o enorme potencial que este evento representa para a Amazônia, para o Brasil e para o mundo.

Assina,
Jornalista – Relações Institucionais
Vice-Presidente da API (Área Governamental)
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