A TV aberta não vai morrer. Vem aí a TV 3.0 - Por Mário Milani
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A televisão aberta brasileira está diante de um dos maiores saltos tecnológicos de sua história: a transição para a TV 3.0, sistema que une radiodifusão digital e internet em um mesmo ecossistema interativo. Essa mudança representa muito mais do que uma evolução técnica — é uma revolução no modelo de comunicação, onde tecnologia, conectividade e conteúdo caminham juntos.
No entanto, algumas emissoras ainda não se mobilizaram para aderir ao novo padrão. E a pergunta é inevitável: o que acontece com quem ficar de fora da TV 3.0? Risco tecnológico e isolamento digital. A TV 3.0 combina transmissão em ultra-alta definição (4K e 8K) com dados híbridos provenientes da internet, criando uma experiência interativa e personalizada.
Os novos televisores já vêm equipados ou deverão se equipar com receptores integrados compatíveis com a nova tecnologia. Para aparelhos mais antigos, será necessário a aquisição de conversores externos ou “set-top boxes” para adaptação ao novo padrão — estimados inicialmente entre R$ 300 a R$ 350 para o conversor. 
A fase preparatória da implantação está prevista para ser concluída em 2025, com as primeiras transmissões comerciais nas grandes capitais já no primeiro semestre de 2026. A copa do Mundo de futebol será transmitida no novo formato.
As emissoras que permanecerem no padrão antigo enfrentarão obsolescência técnica, com perda de compatibilidade e relevância no mercado.
A Perda progressiva de audiência. O telespectador de hoje quer interação, escolha e engajamento. A TV 3.0 permitirá alternar câmeras, participar de enquetes, acessar conteúdo sob demanda e interagir em tempo real.
As emissoras que não oferecerem essas possibilidades verão seu público migrar para canais mais modernos ou plataformas digitais, resultando em perda de audiência e influência.
A Redução de receitas publicitárias. A publicidade na TV 3.0 será segmentada, mensurável e interativa, nos moldes da internet. Isso permite que marcas falem diretamente com seus públicos-alvo, de forma eficiente e rastreável.
Além disso, o investimento necessário para as emissoras migrar para o novo padrão será expressivo: estima-se entre R$ 9 e 11 bilhões ao longo dos próximos anos para adaptação completa. 
Emissoras que permanecerem fora desse ecossistema não poderão oferecer métricas nem campanhas personalizadas, tornando-se menos atraentes para os anunciantes e sofrendo queda de receita.
O Risco regulatório e institucional.
A radiodifusão é uma concessão pública e deve acompanhar os parâmetros técnicos estabelecidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e pelo Ministério das Comunicações (MCom).
Emissoras que não se atualizarem poderão perder incentivos, licenças de frequência ou até espaço no espectro digital, ficando fora do planejamento futuro da televisão aberta.
A Competição desigual com as plataformas digitais. A TV 3.0 é a resposta da radiodifusão tradicional à internet. Seu objetivo é garantir competitividade frente a gigantes como YouTube, Netflix e Amazon Prime Video.
Ignorar a transição é aceitar a perda de protagonismo e relevância. Sem interatividade, dados e personalização, a emissora tende a tornar-se irrelevante, como aconteceu com rádios AM que não migraram para FM. A adesão à TV 3.0 não é apenas uma questão tecnológica — é uma decisão estratégica de sobrevivência.
As emissoras que se adaptarem conquistarão ganhos em qualidade, audiência e rentabilidade. As que resistirem, por outro lado, ficarão presas ao passado, com menos público, menos receita e menos voz no cenário nacional.
O futuro da televisão brasileira já começou, e ele será interativo, conectado e de alta definição. A TV 3.0 é o próximo capítulo dessa história — e apenas quem entrar agora garantirá espaço no ar amanhã.
Fontes: Ministério das Comunicações, ANATEL, SBTVD, ATSC e UNESCO. Mário Milani é jornalista, Fundador da Confraria 01, especialista em inteligência artificial e Presidente do Conselho Deliberativo do Grupo Rede Brasil de Televisão e Radio, Plataforma Digital.
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