Justiça determina busca de bens de ídolo do Corinthians por morte de menino há 27 anos

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A Justiça de São Paulo determinou uma nova etapa na investigação patrimonial do ex-jogador Marcelinho Carioca, ídolo do Corinthians, em um processo que se estende há quase três décadas. O tribunal autorizou a busca por bens e contas em nome do ex-atleta por meio do sistema Sniper, ferramenta criada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para rastreamento de ativos e identificação de fraudes. A informação foi divulgada pela ESPN.

A decisão foi tomada após um pedido de Servio Machado e Pedra Batista, casal de idosos que desde 1998 tenta receber uma indenização pela morte do filho, Cristiano, de 17 anos, ocorrida em um acidente no sítio de propriedade do ex-jogador.

Entenda o caso que remonta a 1998

Segundo a reportagem da ESPN, o jovem Cristiano trabalhava no local quando foi pisoteado por um cavalo de raça pertencente a Marcelinho. O adolescente realizava tarefas dentro da propriedade quando o acidente aconteceu.

A Justiça concluiu que o ex-jogador foi responsável indireto pela tragédia, uma vez que o garoto era menor de idade, não tinha experiência com animais e atuava em uma fazenda sem estrutura adequada. À época, Cristiano recebia cerca de R$ 180 mensais pelo trabalho.

Mesmo com decisões favoráveis em todas as instâncias, os pais do adolescente ainda não conseguiram receber o valor da indenização, fixada inicialmente em R$ 100 mil e que, com correções e custos processuais, chega hoje a aproximadamente R$ 600 mil.

Ao longo dos anos, o processo passou por diversos recursos e reformulações. Marcelinho chegou a recorrer para reduzir a quantia pela metade em determinado momento, mas sofreu nova derrota judicial. O caso ficou mais de uma década parado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) até ter movimentações recentes.

Sistema Sniper entra em ação

Na nova fase, o Judiciário paulista autorizou o uso do Sniper, sistema do CNJ que permite identificar bens, contas bancárias, movimentações financeiras e vínculos empresariais em nome do devedor. O objetivo é rastrear possíveis patrimônios ainda não declarados e verificar se houve transferências fraudulentas ou dissimuladas para evitar o pagamento da dívida.

Com a medida, a Justiça busca dar fim a um impasse que já dura 27 anos e garantir o cumprimento da sentença que reconheceu a responsabilidade do ex-jogador no caso.

Vale mencionar que, em tentativas anteriores, os advogados do casal conseguiram localizar imóveis registrados em nome de Marcelinho na Mooca, zona leste de São Paulo, avaliados em cerca de R$ 1,3 milhão. Parte desses bens chegou a ir a leilão por dívidas de condomínio, e a Justiça determinou que os pais de Cristiano tivessem direito a receber uma fração do valor de venda, limitada a 150 salários mínimos.