Ato da esquerda defende soberania nacional, pede prisão de Bolsonaro e rejeita anistia a golpistas
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A poucos quilômetros da Avenida Paulista, programada para receber uma manifestação bolsonarista na tarde deste 7 de setembro, em São Paulo, representantes de centrais sindicais, de partidos políticos e membros de grupos aliados à esquerda realizaram neste domingo, no centro de São Paulo, o tradicional ato Grito dos Excluídos.
A manifestação reuniu 8,8 mil pessoas, segundo análise feita pelo Monitor do debate político, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Já na contagem dos organizadores, os grupos Brasil Popular e Povo sem Medo, 30 mil pessoas comparecerem ao evento.
O ato contou com a participação dos ministros petistas Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Luiz Marinho (Trabalho), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), o presidente do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva, além de outros políticos, lideranças sindicais e membros de grupos relacionados à esquerda.
Este ano, o lema escolhido para o Grito dos Excluídos foi “Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de Todo Dia”, motivado pelas recentes medidas do presidente dos EUA, Donald Trump, de taxar as importações brasileiras e alegar que o ex-presidente Jair Bolsonaro sofre perseguição política e judiciária.
Nos discursos, as lideranças enfatizaram a defesa pela soberania nacional, criticaram Trump e os brasileiros que o apoiam - como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas - e encerraram a manifestação, por volta das 13h30, aos gritos de “Lula”.
Um dos cantos mais entoados foi o “Sem anistia”, reproduzido constantemente entre os presentes. “Este é o verdadeiro grito de independência”, afirmou a vereadora Silvia Ferraro (PSOL-SP), quando foi convidada a fazer a sua fala sobre o caminhão.
Já Boulos lembrou que “pela primeira vez na história do País, os golpistas estão no banco dos réus”. “Não adianta bolsonarista fazer motim porque não vai ter anistia para golpista neste País”.
Manifestantes participam do Grito dos Excluídos Foto: Fabio Vieira/Estadão
Os representantes da esquerda também foram enfáticos na defesa de pautas como o fim da escala trabalhista de 6 x 1 (seis dias de trabalho para um de descanso); a “taxação dos super-ricos”; e a prisão de Jair Bolsonaro, que está sendo julgado pela primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), junto de outros sete réus, indiciados pela trama golpista.
Alguns dos manifestantes foram à praça com camisa da seleção brasileira e empunhando bandeiras do Brasil. Uma delas foi Jaina Sousa, professora de Educação Infantil de São Paulo. Com camisa da seleção brasileira e uma bandeira enrolada nas costas, ela disse ao Estadão que não perde uma manifestação organizada pela esquerda.
“Sempre que eu posso, eu vou”, disse, enquanto segurava um boneco do presidente Lula, com a faixa presidencial, comprado ali mesmo, na praça. “A convocação dizia para vir assim (trajando verde e amarelo). Por isso, eu vim”.
Outro que vestiu uma camiseta amarela foi o ministro e deputado Paulo Teixeira. “Eu vim de amarelo porque nos últimos 11 anos, a extrema-direita usou amarelo, mas foi bater continência para a bandeira americana. O verde-amarelo é do povo, e da defesa da democracia”, disse o chefe pasta do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil.
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Discursos
“Os verdadeiros patriotas estão aqui na Praça da República”, disse o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) à imprensa antes de subir ao carro de som. “Defender o Brasil é defender o fim da escala 6 x 1, é taxar os super ricos.” O parlamentar foi bastante assediado pelo público.
Outras lideranças sindicais e políticos, como as deputadas estaduais petistas professora Bebel e Thainara Faria, também participaram dos discursos.
As falas também fizeram críticas ao governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Jair Bolsonaro e possível candidato a presidência, além do presidente Donald Trump.
“Hoje nós estamos falando para o presidente dos Estados Unidos: quem manda no Brasil é o povo brasileiro e quem dita o Direito no Brasil é o Supremo Tribunal Federal”, disse Teixeira, que aproveitou para mandar um recado para o governador do Estado.
“Você não vai conseguir articular a anistia, sabe por quê? Porque são tantos os pedágios que você colocou em São Paulo, que você não conseguirá chegar em Brasília”, provocou.
Faixa a favor da soberania brasileira exposta no Grito dos Excluídos Foto: Fabio Vieira/Estadão
Já Luiz Marinho disse que trazia um recado do presidente Lula aos presentes no ato paulistano.
“Nós estamos vivendo um momento importante e decisivo para o povo brasileiro. Neste 7 de setembro, há um grande simbolismo, porque mais do que nunca nós precisamos defender o nosso povo, a nossa instituição democrática e a nossa soberania”, disse.
“O recado do presidente Lula é: o povo americano escolheu o Trump para governar os interesses da economia, das empresas do povo americano e não para ser o imperador do mundo. Aqui (no Brasil), quem manda é o povo brasileiro”, acrescentou.
Vendas
O ato também foi uma oportunidade para vendas. Entre os artigos, havia bandeiras do PT, do rosto do Presidente Lula e também da Palestina. Até mesmo um avental de churrasqueiro, com o desenho de uma cerveja e picanha (símbolos que o presidente utiliza para propor a melhora na qualidade de vida) estava sendo vendido.
Entre bonés, havia os tradicionais do Movimento dos Trabalhadores e o azul usado pelo equipe do presidente, com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. Mas destacaram-se também os que projetavam as próximas eleições presidenciais, com os dizeres “Lula 2026”.
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